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Inclusão e diversidade: profissionais com deficiência iniciam jornada na Casa

Entre os contratados estão historiadores, jornalistas, biólogos, pedagogos, que atuarão em diversas áreas da unidade

Cristiane Albuquerque

14 mar/2025

A Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) está abrindo as portas para mais inclusão e diversidade no ambiente de trabalho. Nos meses de fevereiro e março, a unidade acolheu 24 novos profissionais com deficiência, que agora fazem parte do quadro de funcionários. Entre os contratados por meio da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) estão historiadores, jornalistas, biólogos, pedagogos, físicos, profissionais de tecnologia da informação, entre outros. Esses novos colaboradores atuarão em diversas áreas, incluindo o Museu da Vida Fiocruz, o Serviço de Tecnologia da Informação e o Serviço de Gestão de Pessoas.  

 Vice-diretora de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Casa, Leninha Monteiro lembra que desde 2014 a unidade vem integrando pessoas com deficiência em suas áreas. Para ela, a recente contratação marca um avanço significativo. “Começamos com um pequeno grupo de bolsistas. A ideia era transformar nossos serviços em serviços acessíveis, incluindo atividades para pessoas com baixa visão, deficiência intelectual, neurodivergentes e surdas, mas agora estamos recebendo 24 profissionais para integrar nossa equipe com uma diversidade de perfis”, afirmou. 

Emanoela Bezerra de Araújo atua na mediação de visitas e reuniões em Libras, no Museu da Vida Fiocruz (Foto: Vitor Vogel – COC/Fiocruz)

Emanoela Bezerra de Araújo, recentemente contratada para atuar no Museu da Vida Fiocruz, é uma das novas integrantes da equipe. Enfermeira com diversas especializações, Emanoela foi diagnosticada com autismo e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) enquanto cursava pós-graduação. Paralelamente aos seus estudos, decidiu aprender tradução de Libras para ajudar sua irmã, uma habilidade que se tornou essencial em sua rotina no museu. “Minha rotina [de trabalho] inclui interpretar mediações de visitas e reuniões. Com minha experiência, espero contribuir ainda mais com a docência e a criação de conteúdo para pessoas surdas, tornando o espaço mais acessível”, afirmou. 

Comprometida em criar um ambiente de trabalho acessível e inclusivo, a Casa está realizando diversas adaptações em seus espaços físicos e ferramentas de informação, incluindo a implementação de uma sala de autorregulação para pessoas autistas . “Queremos que essas pessoas se realizem profissionalmente, desenvolvam suas competências e contribuam com as experiências adquiridas ao longo do tempo. Para isso, estamos trabalhando para oferecer um ambiente com todas as ferramentas necessárias”, enfatizou Leninha.  

Bianca Reis, educadora do Serviço de Educação do museu e integrante do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência, explica que um dos principais desafios é a manutenção desses profissionais nas instituições. “Embora haja capacidade de entrega, a permanência se torna difícil quando não há acolhimento. Por isso, estamos dispostos a superar essas barreiras, começando por uma mudança atitudinal”, disse Bianca.   

Via de mão dupla   

Os novos profissionais com deficiência também atenderão pessoas sem deficiência, complementando a via de mão dupla da acessibilidade e da inclusão na Casa. “Pessoas com deficiência precisam ter protagonismo e estar à frente das atividades. Entendemos essa necessidade e valorizamos a diversidade de formações desses profissionais. Essas diferentes áreas de conhecimento enriquecem o atendimento”, destacou Bianca.  

Leninha destaca ainda a importância de se adotar uma postura anticapacitista. “É fundamental capacitar e estar consciente das questões de diversidade, levando em conta as características e potencialidades de cada pessoa. Também é crucial valorizar outras qualidades e experiências que cada indivíduo pode oferecer”, conclui.