Nova edição de História, Ciências, Saúde – Manguinhos traz 12 artigos divididos em dois dossiês que abordam a saúde numa perspectiva internacional. |
História, Ciências, Saúde – Manguinhos traz em sua primeira edição de 2015 dois dossiês que lançam um olhar para o cenário internacional. O primeiro – Bioética e Diplomacia em Saúde – busca colaborar para o entendimento da governança da saúde em nível mundial, e o segundo – Saúde internacional/saúde global – apresenta uma série de trabalhos que discutem a fundo o uso desses dois conceitos e suas implicações. Os doze artigos que compõem este número estão integralmente disponíveis para acesso no Scielo.
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SciELO – HCS-Manguinhos. Vol. 22, nº 1
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O artigo que abre esta edição traz uma descrição das principais diretrizes de política externa brasileira com foco na noção de Cooperação Sul-Sul. Os autores analisam iniciativas de cooperação técnica em saúde do Brasil com a América do Sul e na África e fazem uma leitura positiva dessas ações, sem, no entanto, desconsiderar os interesses e as assimetrias de poder em questão.
Diretor da Organização Pan-americana da Saúde (Opas) entre 1958 e 1975, Abraham Horwitz é tema de outro artigo. À frente da instituição, ele teve papel relevante na construção do ideário que estreitou as relações entre saúde e desenvolvimento econômico e social. Nesse período, estabeleceu-se a Aliança para o Progresso (1961), programa de assistência econômica e social para a América Latina proposto e liderado pelos Estados Unidos.
O dossiê Bioética e Diplomacia em Saúde inclui ainda trabalhos que abordam temas como a experiência de cooperação técnica entre o Brasil e os países da região andina na área de gestão de Recursos Humanos em Saúde; as prioridades dos países em desenvolvimento para pesquisa, desenvolvimento e inovação em saúde a partir da década de 1990; a atuação do Grupo de Trabalho de Controle e Erradicação da Malária no Brasil durante o governo Juscelino Kubitschek; e a cooperação internacional e a formulação de políticas de saúde em situação pós-conflito no Timor- Leste.
O segundo dossiê traz uma discussão dos conhecimentos e práticas médicas sobre o câncer de colo do útero no Brasil. O texto analisa a crescente preocupação médica com a doença no início do século 20, o desenvolvimento das técnicas de prevenção nos anos 1940 e o surgimento dos programas de screening na década de 1960. O autor argumenta que o avanço dos conhecimentos sobre esse tipo de câncer esteve ligado à sua inclusão no rol de problemas de saúde pública, entre outras questões, e aponta entraves ao seu controle.
HCS-Manguinhos publica nesta edição um estudo sobre os saberes legais e as instituições vinculadas aos acidentes de trabalho na Argentina, um tema de crescente importância para agências internacionais e para os Estados da região no século 20. Em seu texto, a autora revisa as referências transnacionais presentes nas discussões locais sobre os acidentes de trabalho no Peru e no Chile.
Completam o dossiê artigos sobre as atividades das parteiras no Peru nos primórdios de seu período republicano e a influência de uma parteira francesa em Lima; os vínculos entre o Sistema Nacional de Saúde nos EUA e as origens dos sistemas de saúde na região caribenha na virada do século 20; as campanhas promovidas por agências internacionais e organismos nacionais destinadas a eliminar doenças infecciosas no âmbito rural latino-americano de meados do século 20; e a repercussão da gripe A (H1N1) nos jornais paranaenses em 2009.
Em sua carta, o editor científico de HCS-Manguinhos, Marcos Cueto, chama atenção para as políticas de saúde em questão no cenário global em 2015. Este ano, os chamados Objetivos do Milênio – três dos quais ligados diretamente à saúde – deverão ser renovados ou substituídos. O historiador defende que, desta vez, o processo de definição das metas seja mais inclusivo. “[…] Temos o direito de imaginar que um processo inclusivo provocará a quebra da política esquizofrênica de governos de nações pobres e de renda média que em décadas recentes implementaram medidas econômicas de ajuste estrutural que aumentaram a pobreza e, ao mesmo tempo, aprovaram políticas de saúde para aliviar a pobreza”, diz Cueto.