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Geneticista Chana Malogolowkin-Cohen visita o Museu da Vida

29 abr/2014

Chana Malogolowkin-Cohen
Chana Malogolowkin-Cohen, ao lado da mediadora do Museu da Vida
Cláudia Oliveira, no Castelo da Fiocruz. Foto: Miguel Oliveira.

Primeira brasileira a publicar na revista americana Science em 1956 – o que voltaria a fazer em 1962 –, a geneticista Chana Malogolowkin-Cohen visitou a exposição Dengue, em cartaz até junho no Museu da Vida. Ela foi acompanhada pelo biólogo Miguel Oliveira, um dos curadores da mostra e aluno do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (PPGHCS/COC), cuja tese de doutorado tem o título O Centro de Pesquisa de Genética da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil e a institucionalização da genética no Rio de Janeiro. Filha de imigrantes russos judeus que vieram ao Brasil fugindo da perseguição antissemita e do regime da então União Soviética (URSS), Chana, de 90 anos, está aposentada e mora na cidade israelense de Tel Aviv.

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Chana foi pioneira quando obteve o doutorado em História Natural no Brasil, na Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1951), e a primeira a utilizar os órgãos genitais dos drosofilídeos para classificar as espécies irmãs, prática incomum na época. Em 1955, fundou a Sociedade Brasileira de Genética. Entre 1950 e 1956 trabalhou no Centro de Pesquisas de Genética da Faculdade Nacional de Filosofia, fazendo pesquisas com genética e evolução de drosófilas do gênero willistoni. Desta forma contribuiu para a institucionalização desta ciência no Rio de Janeiro e no país, tornando-se também uma referência internacional na taxonomia de drosófilas.

Além de conhecer a mostra “Dengue”, no Museu da Vida, a geneticista esteve com Jane Costa, chefe do Laboratório de Biodiversidade Entomológica e curadora da coleção entomológica da Fiocruz, visitando a coleção e a sala Costa Lima no Castelo Mourisco.

No então Instituto Oswaldo Cruz, Chana Malogolowkin-Cohen conheceu o médico e pesquisador Lauro Travassos, cuja obra é composta de 420 trabalhos publicados, dos quais 181 no domínio da helmintologia e entomologia. Ela descreveu espécies de drosófilas presentes na coleção de Travassos. Em 1956, foi chamada por Theodosius Dobzhansky para trabalhar na Universidade de Columbia (EUA), financiada pela Fundação Rockefeller. Lá fez uma de suas mais importantes descobertas: a existência de uma linhagem de moscas que não geravam machos – o então chamado fator sex ratio. Tal fator alterava a proporção sexual entre machos e fêmeas; estas linhagens poderiam ser usadas, por exemplo, em controle biológico de moscas.

Ao publicar os resultados desta pesquisa com D. F. Poulson na Science, sob título “Infective Transfer of Maternally Inherited Abnormal Sex-Ratio in Drosophila willistoni”, tornou-se a primeira brasileira a publicar um artigo na revista. Um segundo artigo na Science (“Races and Incipient Species in Drosophila paulistorum”) foi publicado em 1962, quando Chana trabalhava na Universidade Rockefeller, em Nova Iorque.

Uma das cientistas mais importantes para a história da biologia e da genética do Brasil, dedicando-se à pesquisa, ao ensino e à disseminação da ciência, Chana Malogolowkin-Cohen teve um nível de atuação científica internacional que ajudou o país a se projetar no campo das ciências biológicas. A geneticista também fundou o atual Instituto de Evolução na Universidade de Haifa, em Israel.